20 de mai. de 2013

Apresentação: Estratégias enunciativas na visita ao museu de arte (27/05/13)


Lucia Teixeira (UFF, CNPq, FAPERJ)


Resumo: O trabalho pretende discutir as estratégias enunciativas desenvolvidas nos percursos de visitação a museus físicos e museus on-line. Na visita aos museus de arte, um contrato enunciativo define a variedade de atividades oferecidas: a exposição do acervo, de caráter durativo, abre-se numa espacialidade estendida, enquanto as exposições temporárias, de caráter pontual, fecham-se em espaços limitados; atividades principais, como as exposições, constituem formas de concentração dos objetivos museológicos; cursos, concertos, lojas e cafés expandem a visita e dispersam a visitação. Correspondem a essas delimitações as respostas dos visitantes, devendo-se considerar, em primeiro lugar, a variação entre a visita espontânea e a visita guiada, polos figurativos entre os quais se podem estabelecer gradações, mas que representam a oposição entre dever e querer na modalização dos sujeitos que visitam o museu e regularão sua presença numa escala que vai da indiferença à contemplação entusiasmada e mesmo à intervenção, modos de realizar a interação com o enunciador. A superposição de práticas determina formas típicas extraídas das estratégias de ajustamento entre o percurso próprio do usuário e as restrições, as proposições e os obstáculos que caracterizam o conjunto das zonas críticas do itinerário. Tanto na análise sobre os usuários do metrô (FLOCH, 1995) como em seu Diário de um bebedor de cerveja (FLOCH, 1997), Floch estabelece tipologias do sujeito que partem da oposição entre continuidades e descontinuidades, em situações cotidianas. Mesmo se consideramos as continuidades e descontinuidades do percurso, a visita ao museu, em si, não pode estar associada às práticas cotidianas e, portanto, caracteriza-se ela mesma como uma descontinuidade em relação à cotidianeidade, da mesma maneira que a obra de arte caracteriza a ruptura com um modo de ver e de estar no mundo marcado pelo mesmo, a repetição, e, por conseguinte, pela dessemantização. Entrar num museu é um gesto de distinção, ainda que a visita se inclua no intervalo de um passeio turístico. Estar lá, fugir da confusão de sentidos das ruas ou da mecanização dos atos domésticos, é entregar-se à possibilidade de adensamento ou ruptura da vida cotidiana. Na definição de um percurso, ações como olhar, admirar, informar-se, poderão ser acumuladas com outras mais pontuais e profundas, como compreender, sentir, emocionar-se, rejeitar, incorporar. Tanto no museu físico quanto no on-line a abertura de direções se oferece por meio dessa sensibilização, ainda que as formas de expressão e os mecanismos retóricos de persuasão sejam diferentes.

Data: 27/05/13 (Segunda-feira)
Horário: das 14 às 17h.
Local: Anfiteatro C da FCLAr/Unesp.


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